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LOREENA MCKENNITTI:THE MUMMERS DANCE

Wolfsheim - A Million Lovesong

quarta-feira, 13 de maio de 2009


Parte introdutória de um começo sem inicio: a redundância.


Sintese das estações:

Entre o mito e a lenda esta narrativa consta de verdades, ora floreadas por intermédio de licença poética, ora divagando quiça em redundância, contradição, irônia , sarcasmo, hipérbole, sinestesia, ou simplesmente vestindo versos alheios disfarçados em intertextualidade, valendo-se de lembranças de uma memória imperfeita! E assim, vários caminhos para o mesmo destino: A arte da palavra! Eis em fragmentos a redundância!

Inverno:
Fragmento inicial: A primeira briga entre a lua a estrelas e as nuvens!

Srtª Angela Fyalho, nascida na madrugada de uma noite tempestuosa em um misto de som e fúria(1), o qual astros compunham a platéia brigando por um espaço nas arquibancadas do céu! Gelo espalhado formando um tapete, quando uma gota d’água nascia anunciando liberdade para as palavras em choro rimado em versos brancos. Aos 4 anos foi apresentada a um tal de Pessoa(2), que em certa ocasião disse-lhe a seguinte frase em alusão a um grande guerreiro: “Viver não é necessário; o que é necessário é criar(3).”
Foi assim, que sentiu a necessidade de transformar papel em barco, corrente de pensamento em âncoras, lápis de remos em rimas e seguir navegando pelo mar de palavra em busca de sensações épicas, contudo sem forma fixa, pois o soneto é a cama das palavras sonolentas, pois as palavras não tiram cochilo, e sim sonetos! A viagem havia de ser longa e cada novo cenário exigia a troca de lentes, logo, de comandante. Barco em nova direção! Olhos cansados, ouvidos atentos para refletir e questionar o que os novos olhos em outros olhares verão!

Lest mots en liberté – parte II
Primavera:
Fragmento secundário: Infância querida e interrogações de pedra!

Srtª Angelua Drummoninha, nascida numa manhã iluminada em um misto de som e tranquilidade a qual os astros também brigavam a procura de espaço nas arquibancadas do céu. Quando uma “flor nascia no asfalto”(4) anunciando liberdade para as palavras em sorriso rimado num arco-íris de versos de aliteração e assonância! Aos 6 anos foi apresentada a um tal Drummond(5), que em ocasião disse-lhe os seguintes versos aludindo a dois outros grandes escritores(6): “ no meio do caminho tinha uma pedra, tinha uma pedra no meio do caminho...(7)” Foi assim que sentiu a necessidade de transformar o barquinho de papel em trator, fluxos de pensamentos em combustível, volante em rimas redondas e assim seguir pelas estradas em busca de versos sem freios, pois se freiar o sono vem! Todavia, a viagem haveria também de ser longa, portanto, eis que surge o momento para a troca de lentes e assim de comandante. Trator em nova direção. Olhos ainda cansados, mais olhos acabados de cansar e quatro ouvidos atentos para refletir e questionar o que os novos olhos em outros olhares verão.

Les mots en liberté – parte lll
Verão:

Fragmento terceiro: A adolescência é fogo; a andorinha não voa sozinha!

Annya Plath(8), nasceu em uma linda tarde calorosa, num misto de som e estupor, a qual os astros também brigavam a procura de espaço nas arquibancadas do céu escaldante! Quando uma fênix nascia das cinzas anunciando liberdade as palavras em sorriso rimado em desdem, por achar que era tal qual um sabiá que sabia muito mais que assobiar(9). Aos 15 anos, conheceu um tal Álvares de Azevedo(10), que no momento lhe disse versos tão lindos que mais pareciam sonhos, aludindo também a um outro grande poeta(11) de língua complicada de país distante: “...A paixão tem mais venturas. E fala com mais ardor!...E as aves a suspirar, tudo canta e diz – amor!(12).”Foi assim que sentiu a necessidade de transformar o seu trator de papel em aviãozinho, imaginação em asas, manche em rimas suaves como o vento, e sonhar acordada para não ter que acordar do sonho. Mas, a viagem também era muito longa e tão logo os olhos românticos se cansaram. Eis que acontece o esperado, ou seja, a troca de condutor. Aviãozinho em nova direção. Olhos quase descansados, olhos ainda cansados e olhos que acabaram de se cansar e seis ouvidos atentos para refletir e questionar o que os novos olhos em outros olhares verão.

Lest mots en liberté – parte lV
Outono:
Fragmento quarto: De fragmento para fragmento; a loba e a colheita!

Täyla Akhmatova(13), nasceu numa linda noite de luar, num misto de som e seriedade a qual os astros apostos em seus devidos lugares, aplaudiam -na nas arquibancadas do céu, quando uma guerreira poetisa nascia depois de longas caminhadas, anunciando a conquista da liberdade. As palavras riam como “ Henri Heine ri(14)” . Aos 30 anos conheceu um fragmento chamado Alvaro de Campos(15), que confessou-lhe ser também fragmento de um fragmento inicial e aludindo as palavras de seu criador(16), disse –lhe versos da mais profunda sabedoria:
"Não sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
...Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou?Ser o que penso? Mas penso ser tanta coisa!E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos!Gênio? Neste momentoCem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu ,E a história não marcará, quem sabe?, nem um,Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras.Não, não creio em mim.Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas!Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo?Não, nem em mim...(17)"
Foi assim que sentiu a necessidade de desmanchar seu aviãozinho de papel para colocar os pés no chão e caminhar rumo a árvore do conhecimento e agradecer-lhe por ter sido matéria prima de toda sua viagem e, por entre seus galhos, colher frutos de versos maduros, fruto com sabor de lema Socrático: “ conhece-te a ti mesmo(18)!” E assim, todos os olhares já despertos encontram-se. Seguiram juntos o resto da caminhada aludindo a palavras já ditas por Pessoa: “Eu e meus eus(19)”.

Les mots en liberté - parte V
Síntese do tempo e espaço:Parte conclusiva de um final sem fim; ÉTERnamente redundante.

Qualquer palavra que gramaticalmente estiver grafada erroneamente, trata-se de neologismo. Quaisquer semelhança é obra da intertextualidade. Qualquer redundância é obra do exagero. Qualquer coincidência é fruto de semelhança, que é fruto de redundância, que é fruto de intertextualidade e exagero é não perceber e não perceber é sinal de olhos cansados e olhos cansados sugerem novo guia e o novo guia precisa de uma nova dobradura para seguir um novo caminho e o caminho mesmo conduzido de forma diferente chega sempre ao mesmo destino: a arte da palavra! Eis em fragmentos, metafisica e redundância!


Notas:1 – alude ao título da obra “o som e a fúria” de William Faulkner, sendo que este alude a um excerto de hammlet de William Shakespeare.2- Refere-se ao poeta português, Fernando Pessoa.3- Fernando pessoa alude a famosa frase dita por Pompeu, general do exército romano, aos marinheiros amedrontados que recusavam-se navegar durante a guerra: “ navegar é preciso; viver não é preciso.4- alude a versos contidos no poema “a flor e a náusea” de Carlos Drummond no livros “A rosa do povo”.5- Poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade.6- Alusão feita a Dante Alighieri e Olavo Bilac.7- Versos contidos em na poesia “no meio do caminho tinha uma pedra” de Drummond.8- Plath, sobrenome da poetisa Norte Americana, Sylvia Plath.9- Frase antiga, muito usada para trabalhar dicção.10- Poeta Romantico.11- Lord Byron12- Versos de Álvares de Azevedo.13- Akhmatova foi o sobrenome utilizado pela poetisa russa, Anna Gorenko, para fugir da censura durante a segunda guerra mundial e também para não contrariar o pai, visto que o fato dela ter se tornado poetisa não o agradava em nada!14- Poeta Alemão, citado na poesia “rir” do simbolista Cruz e souza.15- Um dos principais heterônimos do poeta Fernando Pessoa.16- Refere-se a Fernando Pessoa.17- Excerto do poema “ tabacaria” do heterônimo, Alvaro de Campos.18- Aforismo Socrático.19 – Aludindo aos heterônimos de Fernando Pessoa.